Incontestavelmente
a vida passa por entre os nossos cabelos, nos beija a face e deixa marcas
indeléveis, profunda e sabedoras. Sinais de um tempo ido marca tão fundo que
não temos tempo hábil de enxergá-los para tentar reverter seu efeito, ainda que
recorrer a infância seja o balsamo mais eficaz de retocar seus sinais, o tempo
passa depressa.
Grande
são os mares que não sabem nada de tempo, de amores, de dores e permanecem imenso
na sua intensa capacidade de se transformar e retroalimentar-se de si mesmo
para nascer MAR no dia seguinte, como na mitológica sina da vermelha ave que
insiste em não se por em cinzas.
Esperar
o renascimento de um sentimento posto ao fogo em brasa é o mesmo que imaginar
que heróis mitológicos sejam as mais belas e honradas pessoas que poderíamos
ter o prazer de conhecer. Eu sofro pelos heróis, eles nada sabem sobre afagos,
sobre olhares, sobre mergulhar nas entranhas de um coração alado... mas seguem
elevados por desconhecer a desilusão, a frustração e a solidão.
Levando
os sonhos nas palmas das mãos o menino segue sem ter muito a dizer sobre quem
é, o que fez, nem sobre o que fará. Ele carrega junto dos seus passos largos a
esperança de que um dia será lembrado como aquele que nada sabia de pássaros,
mas que possuía asas que o elevava aos seus sonhos, única certeza do seu
pequenino ser.