domingo, dezembro 06, 2015

POEMAS INICIAIS

 Ninguém há de querer afastar os males do mundo num sopro de verão entre asfaltos, sois e calor de homem que se embriaga com a primeira dose de amor que recebe ao final do dia. Ou num estender de mão direita, beijo na face, rubor do entre olhos ao retirar-se e arrancar do bolso, com a mão esquerda, aquela velha máscara carrancuda que se lhe emoldura a face dia a dia.

Incontestavelmente a vida passa por entre os nossos cabelos, nos beija a face e deixa marcas indeléveis, profunda e sabedoras. Sinais de um tempo ido marca tão fundo que não temos tempo hábil de enxergá-los para tentar reverter seu efeito, ainda que recorrer a infância seja o balsamo mais eficaz de retocar seus sinais, o tempo passa depressa. 

Grande são os mares que não sabem nada de tempo, de amores, de dores e permanecem imenso na sua intensa capacidade de se transformar e retroalimentar-se de si mesmo para nascer MAR no dia seguinte, como na mitológica sina da vermelha ave que insiste em não se por em cinzas.
Esperar o renascimento de um sentimento posto ao fogo em brasa é o mesmo que imaginar que heróis mitológicos sejam as mais belas e honradas pessoas que poderíamos ter o prazer de conhecer. Eu sofro pelos heróis, eles nada sabem sobre afagos, sobre olhares, sobre mergulhar nas entranhas de um coração alado... mas seguem elevados por desconhecer a desilusão, a frustração e a solidão. 

Levando os sonhos nas palmas das mãos o menino segue sem ter muito a dizer sobre quem é, o que fez, nem sobre o que fará. Ele carrega junto dos seus passos largos a esperança de que um dia será lembrado como aquele que nada sabia de pássaros, mas que possuía asas que o elevava aos seus sonhos, única certeza do seu pequenino ser.