- -Não, você não é bem-vindo.
- =Não era isso que eu queria dizer, mas é isso que eu sinto.
- -sinto muito.
- =Não entendo ao certo o que quer dizer o que penso
- -todo penso é torto.
- =Não foi assim que eu fiz quando você precisou de acalanto
- -Não, não foi assim quando você estava pelos cantos.
- =brota aqui aquela certeza de que as histórias não têm finais felizes
- -as estórias escondem as faces mais inócuas das palavras sentidas
- =mas o mar se regenera, as ondas lavam, a areia filtra e o sol aquece.
- -a segurança de se saber em casa nunca vai estar presente.
- =A casa é instável, o se lar vai ser sempre lá
- -no âmago salgado nos olhos molhados de mar.
- -graças a eles aprendo onde de fato devo permanecer
- =Só escrevo quando estou aflito, doído, frustrado... as palavras calam a boca e saem
- -de um lugar cinza iluminado pela negativa.
- =As vezes precisamos sorrir
- -noutras precisamos calar
- =e quando o reencontro chegar,
- -o olhar com sofreguidão,
- =peso no coração e voz em pressão, talvez seja a solução.
- =Pode-se disfarçar fazer de conta que nada aconteceu, mas o riso forçado
- - o gesto controlado indica a verdade que sente o coração.
- =Não queria que fosse assim
- -Não gostaria que terminasse assado
- =Não desejaria ser um grão de terra nos olhos de ninguém,
- - hoje não seja.
- -Não pensaria que as horas de solidão compartilhada calaria o bom senso
- - egoísta.
- =Não escolheria ver essa instabilidade emocional, acreditando ser um balsamo que de paz.
- -Ser de verdade
- =se de verdade for
- - ser amigo.
- =Apenas amigo sem essas rugas de frustração que marca tão fundo a testa.
- -Elevar ao além é o que desejo no além corpo
- =além toque
- - além fuga.
- =E do alto sacudir, flutuar.
- -Esvanecer o sentido para consagra apenas aquilo que vale:
- =um abraço, um choro compartilhado,
- -uma mente fugidia,
- =um desabrochar de flor.
- -Evaporar, condensar e molhar,
- =Ser espuma, agua e finalmente ar.
- Quero continuar acreditando que sou bem ido, mas aquela que deveria receber não tem condição de apaziguar o barulho do trovão que ecoa em casa célula do seu trovejar.
- Já eu... eu aprendi a calar
- a me encolher nos cantos
- a não causar
- tremores quando o chão falta
- Aprendi a usar minhas força invisíveis
- e me transportar em lágrimas para um deserto de sentidos.
- Aprendi a calar para me colher mais além sem as ervas daninhas que causam desgosto.
- Saio daqui para me (re)colher.
sexta-feira, novembro 01, 2019
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