quarta-feira, janeiro 11, 2012

Prêmio Braskem do Teatro Estudantil Baiano

(José Jackson)
Os artistas do teatro baiano ainda tem a mania a achar que o teatro que se faz na escola é coisa menor, arte de iniciante, de quem está treinando ou desenvolvendo uma habilidade para quiçá ser um profissional, e que por essa razão, não merecem muito prestigio. Mas não é bem assim, pois é possível afirmar: Ai do teatro baiano se não fosse o Teatro da Escola!
Ao depararmo-nos com a lista do Prêmio Braskem 2011 divulgada último 11 de janeiro, percebe-se que dos 10 espetáculos indicados na categoria adulta, 5 deles foram resultado de mostras de fim de semestre dos alunos da Escola de Teatro da UFBA  e que o espetáculo encenado pela Cia de Teatro da mesma instituição, também foi indicado. Ficando a percentagem de 6/10. E ainda, 4 dos 5 indicados na categoria Revelação vem desta faculdade. Percebe-se também que 3 dos 5 espetáculos concorrentes ao prêmio máximo do teatro baiano, melhor espetáculo, são provenientes da mesma instituição. Desta forma é inegável a participação da Universidade na vida cultural da cidade de Salvador e da contribuição desta para o fazer artístico do estado.
No entanto, a partir desta constatação é possível levantarmos um questionamento curioso: existe Teatro Profissional na Bahia ou serão todos Experimentos Estudantis? Afinal, se excluirmos a produção do “Global” Lázaro Ramos, a do Teatro Nu e do único encenador profissional desse estado (Fernando Guerreiro), não restará, salvo engano, outros artistas que possam dizer-se profissional de teatro em 2011, fato que a lista dos melhores do ano nos revela.
Esta constatação nos mostrar, ainda, que a qualidade dos espetáculos teatrais nem sempre estão associada com altos valores das produções, afinal, os experimentos vindos da UFBA, grande parte deles, são feitos com uma bolsa que os alunos recebem da instituição para realizar as suas produções, que em alguns casos, não passa de mil reais. Ao contrário de outras produções mais abastadas financeiramente, porém, com poucos êxitos.
E ai é onde mora o medo, pois o que sobra em disposição, talento e garra nos meninos e meninas da escola de teatro pra realizarem suas produções de fim de curso, que talvez falte nas outras produções, certamente irá esvair-se no instante em que forem postos para além das paredes da escola de teatro e perceberem que não existe meio de subsistência através da profissão que acabaram de assumir para sua vida. Pois a cada dia o lobo mau - poder publico- tenta convencer os artistas de que o pouco basta, afinal, pra quê mais dinheiro nas leis de incentivo a cultura se com pouco se obtém tamanha qualidade, não é verdade? E muitos poderiam responder: porque nem só de circo vive o palhaço. Ele também precisa alimentar-se todos os dias, pagar contas, comprar roupas e quitar o aluguel da casa todos os meses, não somente quando é contemplado com algum prêmio anual de incentivo a cultura. É aceitável que os estudantes façam teatro sem receber nenhum centavo pelo seu trabalho, afinal, ainda são estudantes. E pacientes entendem isso.
Mas o que dizer de um “profissional” que tem o mesmo comportamento estudantil: trabalhar de graça e ter que bancar os gastos diários de locomoção, produção e alimentação para fazer teatro? A conclusão que se pode chegar é que todos são ricos ou compartilham do pensamento saudosista do: “ai como era bom o Teatro da Escola...”, e assim fazem daquela experiência o seu modo de vida.
Contudo, Benjamim Franklim vem nos lembrar que “a experiência é uma escola onde são caras as lições, mas em nenhuma outra os tolos podem aprender.”, que assim seja! E deste modo, não nos resta outra alternativa além de dar vivas e prestigiar o Prêmio Braskem do Teatro Estudantil Baiano.

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