(José
Jackson)
Os artistas do teatro baiano ainda tem
a mania a achar que o teatro que se faz na escola é coisa menor, arte de
iniciante, de quem está treinando ou desenvolvendo uma habilidade para quiçá
ser um profissional, e que por essa razão, não merecem muito prestigio. Mas não
é bem assim, pois é possível afirmar: Ai do teatro baiano se não fosse o Teatro
da Escola!
Ao depararmo-nos com a lista do Prêmio
Braskem 2011 divulgada último 11 de janeiro, percebe-se que dos 10 espetáculos
indicados na categoria adulta, 5 deles foram resultado de mostras de fim de
semestre dos alunos da Escola de Teatro da UFBA
e que o espetáculo encenado pela Cia de Teatro da mesma instituição,
também foi indicado. Ficando a percentagem de 6/10. E ainda, 4 dos 5 indicados
na categoria Revelação vem desta faculdade. Percebe-se também que 3 dos 5
espetáculos concorrentes ao prêmio máximo do teatro baiano, melhor espetáculo, são
provenientes da mesma instituição. Desta forma é inegável a participação da
Universidade na vida cultural da cidade de Salvador e da contribuição desta
para o fazer artístico do estado.
No entanto, a partir desta constatação
é possível levantarmos um questionamento curioso: existe Teatro Profissional na
Bahia ou serão todos Experimentos Estudantis? Afinal, se excluirmos a produção
do “Global” Lázaro Ramos, a do Teatro Nu e do único encenador profissional desse
estado (Fernando Guerreiro), não restará, salvo engano, outros artistas que
possam dizer-se profissional de teatro em 2011, fato que a lista dos melhores
do ano nos revela.
Esta constatação nos mostrar, ainda,
que a qualidade dos espetáculos teatrais nem sempre estão associada com altos
valores das produções, afinal, os experimentos vindos da UFBA, grande parte
deles, são feitos com uma bolsa que os alunos recebem da instituição para
realizar as suas produções, que em alguns casos, não passa de mil reais. Ao
contrário de outras produções mais abastadas financeiramente, porém, com poucos
êxitos.
E ai é onde mora o medo, pois o que
sobra em disposição, talento e garra nos meninos e meninas da escola de teatro
pra realizarem suas produções de fim de curso, que talvez falte nas outras
produções, certamente irá esvair-se no instante em que forem postos para além
das paredes da escola de teatro e perceberem que não existe meio de
subsistência através da profissão que acabaram de assumir para sua vida. Pois a
cada dia o lobo mau - poder publico- tenta convencer os artistas de que o pouco
basta, afinal, pra quê mais dinheiro nas leis de incentivo a cultura se com
pouco se obtém tamanha qualidade, não é verdade? E muitos poderiam responder:
porque nem só de circo vive o palhaço. Ele também precisa alimentar-se todos os
dias, pagar contas, comprar roupas e quitar o aluguel da casa todos os meses,
não somente quando é contemplado com algum prêmio anual de incentivo a cultura.
É aceitável que os estudantes façam teatro sem receber nenhum centavo pelo seu
trabalho, afinal, ainda são estudantes. E pacientes entendem isso.
Mas o que dizer de um “profissional”
que tem o mesmo comportamento estudantil: trabalhar de graça e ter que bancar
os gastos diários de locomoção, produção e alimentação para fazer teatro? A
conclusão que se pode chegar é que todos são ricos ou compartilham do
pensamento saudosista do: “ai como era bom o Teatro da Escola...”, e assim fazem
daquela experiência o seu modo de vida.
Contudo, Benjamim
Franklim vem nos lembrar que “a experiência é uma escola onde são caras as lições, mas em
nenhuma outra os tolos podem aprender.”, que assim seja! E deste
modo, não nos resta outra alternativa além de dar vivas e prestigiar o Prêmio Braskem do Teatro Estudantil Baiano.
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